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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Depoimento de Voluntárias

1. Recebi a visita de uma mãe pedindo socorro, pois seu filho de 16 anos, viciado em diferentes tipos de drogas e recém saído de uma Instituição Disciplinar, estava levando à força a irmã de 11 anos para servir de vigia enquanto ele roubava. A mãe do adolescente era usuária de drogas e portadora de HIV, o pai estava preso por homicídio, a irmã de 22 anos era usuária e casada com um traficante e a única esperança desta mãe era a filha de 11 anos que tentava ir para a escola sem ser ameaçada pelo irmão. Esta foi uma situação que me fez pensar na vida, entre tantas outras que presenciei e vivencio no meu dia-a-dia.
(Flora - Diretora de uma escola de Ensino Fundamental e de um Centro de Educação Infantil – Tubarão / SC)

2. Fui ao hospital em uma tarde e me deparei com uma senhora de 80 anos, sentada na cama, com os pés para fora. Ela foi deixada pelos familiares sob o cuidado das enfermeiras, mas estava aflita e angustiada porque não falava português e não conseguia se comunicar com os demais profissionais do hospital. Quando cheguei ouvi a situação desta senhora, comuniquei-me com seus familiares e já que ela falava alemão, procurei acalmá-la um pouco e disse-lhe que a família chegaria mais tarde para visitá-la. Lembro-me que ainda falei que ela poderia se deitar e descansar um pouco, pois tinha este direito. Foi uma situação que me marcou muito!
(Voluntária de um Hospital)

3. Já trabalhei com crianças especiais e tive um aluno de 19 anos, alto, bonito, que quando nasceu engoliu água do parto e depois apareceram todos os problemas. Um dia ele me chamou e pediu para eu sair da sala e conversar com ele a sós. Ele sabia o que tinha acontecido com ele, disse que a mãe contou-me toda a história do seu nascimento e que ele não queria nascer, mas que o médico o puxou e ele nasceu. O garoto me pediu ajuda, abraçou-me e chorou. Eu o abracei e expliquei-lhe que Deus queria que ele nascesse, que ele é muito especial e que merecia ser feliz onde quer que estivesse e por isso estava ali, onde haviam pessoas preparadas para recebê-lo.
(Zulamar Barbosa Siqueira - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

4. Aconteceu uma acidente de carro há mais ou menos três anos. Os pais tiveram ferimentos leves, mas a Mônica, de 06 anos, que estava no banco de trás sem cinto de segurança sofreu ferimentos graves. Ela ficou na UTI Neonatal por mais ou menos 30 dias e os médicos diziam que se ela sobrevivesse ficaria com seqüelas importantes. Quando vi a Mônica no quarto fiquei feliz e ela permaneceu internada por mais dois meses, até se recuperar bem e sair do hospital caminhando. Rezei muito por ela e acreditava que sua recuperação ia dar certo, sempre confiei que Deus iria salvá-la! Eu chegava na pediatria e dizia: “Como vai a Mônica que não é do Cebolinha?” E ela sorria... Isso para mim foi muito gratificante!
(Mariléia Niero Bardini - Voluntária da Pediatria do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

5. Faço parte do Grupo Novo Amanhã como voluntária e fui chamada para socorrer uma família. Pensei que fosse para atender uma pessoa com dependência química e quando cheguei lá vi que era para conversar com uma mãe. Fiz algumas perguntas a ela e pude perceber seu sofrimento, pois ela tinha apenas 32 anos, era mãe de três filhos – um com seis meses – e estava com o seio “tomado” pelo câncer, chegando a ter uma buraco do tamanho de dois dedos em um deles. Às vezes ela desmaiava de dor e eu a socorri, levei-a para um oncologista no mesmo dia e ela fez uma cirurgia. Foi o que mais me marcou, tanto pelo sofrimento como pelo fato de não ter dinheiro e não saber o que fazer.
(Teresa - Voluntária do Hospital e Maternidade São José – Jaraguá do Sul / SC)

6. Vi uma senhora com câncer, em fase terminal, no hospital. Quando ela teve alta fui visitá-la em casa e a encontrei deitada num colchão, sem roupas de cama. Nesta casa não tinha nada para ela comer, apenas um litro de água em cima da mesa. Eu a beijei e disse que já voltaria. Entre murmúrios ela me disse obrigada... Saí chorando e fui comprar alimentos. Senti muito, mas tive uma certeza grande de que deus estava com ela.
(Elsa - Voluntária do Hospital e Maternidade São José – Jaraguá do Sul / SC)

7. Como voluntária do Banco de Leite muitas vezes me deparo com situações que me tocam profundamente, quando vou buscar o leite das doadoras e elas me contam seus problemas e pedem orientação. Nem sempre sei o que fazer! Um caso que me chocou muito foi o da avó de um recém-nascido, que há poucos dias tinha extraído um seio em virtude do câncer e disse que isso foi um castigo, pois ela nunca quis amamentar seus filhos. Em uma outra situação, a doadora de leite foi morar com a mãe porque o marido não aceitava o filho e batia nela.
(Tereza - Voluntária da Maternidade do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

8. No Acre, um índio, já civilizado, pediu-me emprego. Dei a ele atividades de capinação e já de início ele apresentou fraquezas e desmaios. O médico do Posto de Saúde encaminhou-lhe para o Hospital de Goiânia e disse que ele precisaria colocar marca-passo. Acompanhei a ida e a volta com passagens que recebi, doadas em campanhas. Quando ele retornou ao trabalho, pegou atividades mais leves. Logo o índio sentiu novas dores e agora, nos rins. O pobre Hospital da Região Amazônica, sem recursos, apenas diagnosticou: “rim parou de funcionar”. Foram poucos dias de vida e o índio faleceu, deixando sob nossos cuidados uma menina de 10 anos. Faleceu pedindo que cuidássemos dela e assim o fizemos. “Lembrança eterna do Vicente e da Mariazinha!”
(Ir. Teresina Rodrigues – Missão Família Obra Ir. Demétria – Cruzeiro do Sul / AC)

9. Eu, Fani, tive o prazer de ter meu primeiro neto com Síndrome de Down. Ainda no hospital, quando soube da notícia que meu neto era “mongolóide”, o médico me disse que ele seria como um vegetal e que não esperássemos nada dele. Furiosa eu acrescentei: “Só porque tu queres!” Entreguei, dia-a-dia, meu neto nas mãos de Deus. Às vezes eu me deixava vencer pela tristeza e dizia ao meu marido: “Tanta gente pobre, passando fome e com as crianças saudáveis”. Só depois que meu marido me falou que nós não éramos melhores do que ninguém é que comecei a pensar diferente e mudei toda a minha vida. Passei a ver meu neto de outra maneira, mas sempre crendo muito em Deus e rezando muito. Tudo mudou. Hoje ele trabalha e é querido por todos. Dos meus cinco netos, é o mais amado! Estou relatando isso como prova de que temos que ter muita fé, muita humildade e positividade em relação à vida!
(Fani - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

10. Vi uma criança morrendo de câncer e com a mãozinha no peito, cantava: “Nossa Senhora, me dê à mão, cuida do meu coração”. Eu chorei o resto do dia, mas vou lembrar desta cena até o último dos meus dias. Esta criança me serviu de exemplo de vida, pois com toda a dor e sofrimento ela não fraquejou e nem perdeu a fé.
(Claudete Vieira Campos - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

11. A minha experiência marcante como voluntária aconteceu quando visitei a pediatria pela primeira vez. Neste dia, já era noite e ao chegar na pediatria com mais três voluntárias, nos deparamos com o seguinte fato: “uma menina portadora de necessidades especiais e que repetidamente estava internada, havia falecido naquele momento”. Meu primeiro impulso foi o de recuar. No entanto, fiquei firme e acompanhei às voluntárias no apoio à mãe; no acompanhamento à funerária; na arrumação do corpo e no atendimento à família, até a hora de seguirem para a casa. Lembro-me de que diante do meu olhar de assustada – presumo eu – fui alertada: “Suely, não é sempre assim. Não vai desistir por causa disso!” Desde este fato já se passaram 12 anos e eu continuo lá.
(Maria Suely Brasil Silvestre - Voluntária da Pediatria do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

12. Estava visitando as pessoas internadas no hospital e quando entrei em um quarto o doente estava rezando. Disse a ele para que continuasse a sua oração, pois eu voltaria depois. Ele me disse: “Por favor, Irmã, fique aqui, pois a sua visita para mim é uma oração”. Este fato me chamou muita atenção e me levou a pensar em como eu posso ser oração para alguém.
(Ir. Olívia Prim - Hospital e Maternidade São José – Jaraguá do Sul / SC)

13. Em visita a um paciente oncológico, em uma sessão de aplicação de quimioterapia, o paciente olhou para mim e disse: “Como irei sair na rua sem os meus cabelos? Estou careca!” Sorri para ele e disse que eu havia passado por tudo aquilo e que ele também iria vencer.
(Bernadete Schueltes Vieira - Voluntária da Oncologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

14. Participei da cerimônia de formatura de um jovem que tinha apenas eu naquele momento e, para ele, era muito importante. Ele era órfão de pai e mãe e nenhum outro familiar compareceu a sua formatura. Senti a satisfação de estar oferecendo a este jovem uma alegria e, ao mesmo tempo, pude ajudá-lo para que chegasse a se formar.
(Liliana Soares – RH e Assistente Social do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

15. Encontrei uma mãe desesperada por causa do filho de seis anos que tinha um tumor na cabeça e estava sendo operado. Convidei-a para me acompanhar a rezar o terço dentro do hospital, como é de costume. Peguei seu telefone e converso sempre com ela, dando-lhe força e coragem. Hoje o filho dela se recuperou e nos tornamos grandes amigas.
(Tomázia Anselmo dos Santos - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

16. Fazia visita no hospital e fui servir o almoço para uma paciente de braço quebrado e ela tentando me convencer a trocar de religião, dizia: “Você é tão legal, faz este trabalho, vem para a minha religião”. Pude perceber a importância de mantermos a fé no que fazemos e do respeito à religião do outro.
(Malete Duarte - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

17. Eu me sinto grata pelo trabalho voluntário que faço. Sou grata a Deus, pois Ele me deu forças para cuidar do meu marido que ficou em coma durante nove meses. Eu pude cuidar dele com carinho e quando ele partiu fiquei triste, mas fiquei feliz por saber que estando viva, pude cuidar bem dele.
(Vanilde P. Fernandes - Voluntária do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Tubarão / SC)

18. Minha maior experiência como voluntária foi uma noite em que cheguei ao hospital e subindo as escadas falava com Jesus, dizendo: “Depressa Senhor, mostra a quem devo ajudar, pois tenho que voltar para casa, porque minha filha pequena está sozinha”. Fui direto ao terceiro andar e em um dos quartos encontrei uma jovem mulher, aos prantos, pois teria que assinar um termo de responsabilidade para poder fazer um exame de alta complexidade. Ela tinha medo de morrer! Cheguei ao lado dela e disse: “Eu estou aqui porque Deus te ama, fique tranqüila, assine a folha sem medo e tudo dará certo. Ela assinou e correu tudo bem no exame”.
(Voluntária de um Hospital)

19. Trabalho no Centro Social Educativo Nossa Senhora do Mont Serrat e também recebo as voluntárias que querem fazer seu trabalho com as crianças. Mas, o que mais me chama a atenção é trabalhar com a Ir. Edite e ver o trabalho voluntário e abnegado que ela faz. Muito tenho que aprender nesta vida, pois, sua dedicação não tem fim!
(Roseli Z. de Souza – Secretária do Centro Social Educativo Nossa Senhora do Mont Serrat – Florianópolis / SC)

2 comentários:

  1. Parabéns à Sociedade Divina Providencia e aos idealizadores deste blog.Este é um grande instrumento de comunicação, de socialização e de troca de experiências.
    Tenho certeza que mais pessoas se inspirarão a se tornarem voluntarias!

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  2. Parabéns à Sociedade Divina Providencia e aos idealizadores deste blog.Este é um grande instrumento de comunicação, de socialização e de troca de experiências.
    Tenho certeza que mais pessoas se inspirarão a se tornarem voluntarias!

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